O (in)esperado fracasso dos Mambas!

Opinião de Custódio Mugabe

Aqueles segundos fatais depois da falta despropositada de Witi serviram para de repente cada compatriota elaborar a sua tese sobre o futebol moçambicano, com os mais ousados a exigirem a demissão do treinador Abel Xavier e também do presidente da FederaçãoMoçambicana de Futebol, Alberto Simango Jr.Também tenho a minha!

Se não temos sofrido aquele golo tardio ou se Guirrugo não tem oferecido um frango aos namibianos, certamente Abel e Simango Jr. seriam heróis e estávamos todos satisfeitos e felizes, incluindo aqueles que passaram os últimos anos a negar financiar as actividades do futebol moçambicano sob o pretexto da crise financeira internacional.

Na semana do jogo, vi muitos actores disfarçados em perucas que confundiram a opinião pública, fazendo passar a falsa fotografia de que em Moçambique o futebol é assunto do Estado, quando todos sabemos que não é. Bastou alugar um Boeing para passar a falsaimagem de que “em toda campanha estivemos ao lado dos Mambas”, quando o Fundo de Promoção Desportiva não promoveu os Mambas nesta empreitada, tendo havido jogos que nem sequer um centavo cedeu….

Afinal onde falhamos para perdermos um CAN facilitado que terá 24 países?

Entendo que a FMF e Alberto Simango Jr. estiveram àaltura desta campanha,  proporcionando condiçõesjamais vistas nas selecções nacionais, desde a contratação de meia dúzia de treinadores, a estágios, equipamento e prémios condizentes.

A direcção da FMF e Abel Xavier estão a pagar a factura do trabalho que não foi feito no passado por aqueles que dirigiram o futebol moçambicano.Provavelmente, se os antecessores de Simango Jr. tem feito seu trabalho, o guarda-redes dos Mambas não seria o veterano Leonel  e os nossos avançados não seriam Maninho, Dayo ou Reginaldo. Os jogadores da selecção nacional seriam outros melhor capacitados a todos os níveis para enfrentar os adversários.

O intrigante em tudo isto é que o executivo de Alberto Simango Jr. também está a preparar uma factura paupérrima para os seus sucessores.

Não estamos a ver acções concretas que nos levem a um porto seguro nos próximos tempos. Podemos até ir ao CHAN 2020 ou ao CAN de 2021, mas certamente não será resultado dum trabalho concertado na formação de jogadores que até abundam por todo país.

Os nossos jovens continuam a jogar as mesmas competições de há dez anos: se não é eliminatória para o CAN, é Torneio Cosafa e ponto final. Não existem novas ideias!

Continuamos a desprezar e a não prestar apoio às academias de futebol que brotam por todo o lado. Corremos para o dinheiro. Cobramos elevadas taxas para filiar e inscrever jogadores de formação, depois dizemos que os culpados são os clubes que fornecem os jogadores à selecção e a federação faz bem o seu trabalho. Outra mentira!

Continuamos sem construir novos campos e sem terraplanar os pelados dos bairros. Deixamos esse trabalho às comunidades!

Enfim, continuamos a nos distrair e a txilar como se nada fosse connosco.

Estamos tramados!

Desde 2010 que nos vai valendo a capacidade de comprar um televisor para ver o CAN dos outros!

NOTA: este é um artigo de opinião do jornalista moçambicano Custódio Mugabe.